terça-feira, 16 de agosto de 2016

Mediadores vão encontrar-se com Dhlakama para cessação dos ataques

Após pouco mais de duas horas de discussão à porta fechada, a comissão mista do diálogo para a paz anunciou, sexta-feira passada, que os mediadores vão encontrar-se com o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, para discutir a cessação dos ataques armados. José Manteigas, membro da equipa da Renamo no diálogo político, que assumiu o papel de porta-voz da sessão, explicou que esta comissão será responsável por avaliar as medidas de segurança para o encontro.
“Não houve ainda uma discussão substancial sobre este ponto, mas o que ficou acordado ao nível da comissão é que os mediadores precisam de manter um encontro com o presidente Afonso Dhlakama, devendo esta comissão estudar os mecanismos e as medidas de segurança para o efeito”, sublinhou Manteigas, numa comunicação sem espaço para questões.
Entretanto, este consenso surge numa altura em que parece haver intensificação dos ataques armados, os quais se arrastam para a região sul do país, particularmente para a província de Inhambane.
A comissão mista não avança prazos nem local para o encontro entre os mediadores do diálogo político e o líder da Renamo.

Avanços no primeiro ponto da agenda
Ainda na sexta-feira, a comissão mista anunciou que vai propor à Assembleia da República um modelo de descentralização. O objectivo é responder ao primeiro ponto de discussão no diálogo político, sobre a governação das seis províncias reivindicadas pela Renamo. Sem avançar detalhes, José Manteigas assegurou que a proposta vai salvaguardar as exigências da Renamo de governar Manica, Sofala, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa, províncias onde ganhou as eleições gerais de 2014.
“Esta comissão mista vai produzir uma proposta que verse sobre a descentralização, salvaguardando o primeiro ponto (do diálogo). Esta proposta será um instrumento legal a ser submetido à Assembleia da República”, disse o chefe da delegação da Renamo no diálogo político.
Refira-se que a governação das seis províncias reivindicadas pela Renamo é recusada pela equipa do Governo no diálogo político, alegando que, se tal acontecesse, seria inconstitucional. A equipa governamental havia sugerido à Renamo a aguardar pela revisão da Constituição da República, para que a governação das províncias fosse tida em conta a partir das eleições gerais de 2019.

Renamo insiste no afastamento das FDS de Gorongosa
A Renamo divulgou, última sexta-feira, uma lista com 23 posições das Forças de Defesa e Segurança (FDS) que alega terem sido montadas recentemente na serra da Gorongosa, em Sofala, para o cerco ao seu líder, Afonso Dhlakama. A lista, divulgada à margem de um encontro entre a delegação da Renamo, na comissão mista, e os mediadores para o diálogo político, foi enviada a 27 de Julho passado ao Gabinete do Presidente da República, Filipe Nyusi, em resposta a um pedido de esclarecimento, na sequência da solicitação da Renamo de ver aliviado o cerco a Gorongosa como condição para o cessar-fogo. Segundo a lista, das três posições, consta a da região de Mazembe, que a Renamo descreve como sendo uma antiga base das suas tropas, que foi tomada pelas FDS no passado dia 27 de Maio. A Renamo diz que continua à espera da resposta formal do Presidente da República sobre a sua sugestão de ver afastadas as 23 posições das FDS como condição para o estabelecimento de tréguas no conflito militar em curso no país. Na passada quarta-feira, o chefe da delegação do governo na comissão mista, Jacinto Veloso, disse que a Renamo já tinha resposta sobre os seus condicionalismos para as tréguas. Segundo Veloso, o pedido da Renamo foi recusado, porque não faz sentido impor a retirada como condição para o cessar-fogo. 

quarta-feira, 16 de março de 2016

Jovem é assassinado na Índia em 'crime de honra'

Três homens armados atacaram o estudante de 22 anos e sua esposa de 19 na cidade de Udumalpet (Foto: Reprodução/Twitter/ Indian Media)
Um jovem de 22 anos da casta dalit, uma das mais baixas, foi assassinado e sua esposa ficou gravemente ferida no sul da Índia, em um dos chamados "crimes de honra" lançado provavelmente por familiares que eram contra seu casamento.
Três homens armados atacaram o estudante de 22 anos e sua esposa de 19, de uma casta superior à dele, em uma rua movimentada da cidade de Udumalpet, no estado de Tamil Nadu.

A mulher está se recuperando em um hospital e a polícia está procurando seu tio, suspeito de estar envolvido no ataque. Em um vídeo divulgado na televisão indiana é possível ver três homens chegando de moto e atacando o casal.
"Casaram-se há oito meses e a família da mulher não estava feliz. Ela forma parte da casta superior Thevar Hindu e ele é um dalit", disse à AFP N. Manjunatha, um responsável da polícia local.
Os Thevar são a principal comunidade de Tamil Nabu, enquanto os dalit, antes conhecidos como intocáveis, são uma comunidade historicamente marginalizada.
Os chamados crimes de honra são frequentes na Índia, sobretudo nas zonas rurais do norte. Em muitos casos são provocados porque as famílias se opõem aos casamentos entre membros de diferentes castas.

Nações Unidas elogiam Malawi por reabrir campo para acolher moçambicanos

O Governo do Malawi anunciou, na sexta-feira, que pretende reabrir o antigo campo de refugiados de Luwani, que acolheu refugiados moçambicanos durante a guerra civil de 1977-1992, entre Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) e Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
O campo de Luwani – encerrado desde 2007 – tem mais de 160 hectares e o ACNUR acredita que o espaço oferece mais segurança e melhores instalações e serviços para os refugiados.
Os moçambicanos estão a chegar ao Malawi numa base diária, sobretudo no último mês e, por isso, o ACNUR aproveitou para salientar a importância de manter as portas abertas a pessoas que estejam em fuga do perigo.
De acordo com os últimos dados do ACNUR, até hoje, 9.600 moçambicanos foram registadas pelas equipas do ACNUR e as autoridades do Malawi, mas outros continuam à espera, num total de quase 11.500 pessoas.
A maioria dos moçambicanos que têm atravessado a fronteira para o Malawi desde meados de Dezembro concentra-se numa única aldeia, Kapise, a cerca de 100 quilómetros a sul da capital, Lilongwe.
Recentemente, o ACNUR fez um apelo aos doadores, sublinhando que precisa urgentemente de 15 milhões de dólares (13,8 milhões de euros) para assistir o crescente número de refugiados moçambicanos.
Segundo a agência da ONU, os refugiados relatam ter fugido após ataques contra as suas aldeias e recear os confrontos que opõem o Governo da Frelimo e as forças da Renamo, principal grupo da oposição, que reclama controlo sobre seis províncias no Norte do país (Manica, Sofala, Tete, Zambézia, Nampula e Niassa), onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.
A crise político-militar em Moçambique degradou-se nas últimas semanas, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios por razões políticas.
Na sexta-feira, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, convidou ao diálogo o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e pediu ao maior partido de oposição "máxima urgência" na designação dos seus representantes para preparar um encontro ao mais alto nível.
Na resposta, o líder da Renamo concordou com o reatamento do diálogo, mas, "como forma de evitar os acontecimentos do passado", condicionou as conversações a pontos prévios, nomeadamente à mediação da África do Sul, da Igreja Católica e da União Europeia.
Nyusi e Dhlakama encontraram-se duas vezes no início de 2015, mas o diálogo entre Governo e Renamo está bloqueado há vários meses.

Clínica privada desmente receptação de equipamento

A Clínica privada Sorridente, na cidade da Beira, desmente que parte do equipamento médico em uso no seu bloco operatório tenha sido desviado do Hospital Central local, segundo alegação apresentada esta segunda-feira pela Direcção daquela unidade sanitária.
Confrontado ontem pela nossa Reportagem na cidade da Beira, António Pinto, proprietário da clínica, confirmou a existência naquela unidade sanitária de uma mesa e duas camas de cirurgia, equipamento que segundo ele foi oferecido pelo Rotary Club da Beira.
Na última segunda-feira, os responsáveis do HCB disseram à governadora de Sofala que setenta por cento do material oferecido pelo Rotary Club da Austrália tinha sido desviado para a Clínica Sorridente, em circunstâncias que, entretanto, não foram esclarecidas. A declaração dos gestores do HCB aconteceu num frente-a-frente convocado por Maria Helena Taipo, confrontada com uma queixa apresentada pelos rotarianos que, numa visita de monitoria do uso do equipamento oferecido, constataram que o mesmo não se encontrava no hospital.
O presidente do Rotary Club da Beira, Andrew Jennings, confirmou, em contacto com o “Notícias”, que o equipamento na posse da Clínica Sorridente foi ofertado pela sua agremiação, no mandato do seu antecessor, Wayne Allsopp, que disse estar disponível, para efeitos de comprovação, a correspondente guia e termo de entrega.
A fonte reafirmou que, basicamente, o Rotary Club da Beira pretende saber onde está todo equipamento médico avaliado em dois milhões de dólares norte-americanos entregue ao HCB nos anos de 2014 e 2015, em dois contentores, respectivamente.
“HCB tem que nos dizer onde está este equipamento, mas Augusto Macome, que é director-geral  do hospital, está a apontar o seu paradeiro à clínica Sorridente, mas nós demos equipamento ao HCB e não estamos a acusar ninguém. Estamos a pedir explicação em vão desde Outubro do ano passado”, disse Jennings.
Segundo ele, o Rotary Club da Beira doou à clínica Sorridente uma mesa e duas camas de cirurgia, incluindo vários medicamentos, num lote de bens e equipamento contidos num contentor de 40 pés.
Sobre o assunto, o “Notícias” apurou ainda ontem junto de uma fonte do HCB que do lote do equipamento médico em alusão desapareceu uma mesa do bloco operatório e outros materiais que, entretanto, são localizáveis.
Mesmo assim, o Governo provincial indicia a Direcção do HCB, chefiada pelo clínico Augusto César Macome, como responsável pelo desaparecimento do referido equipamento, havendo instruções no sentido de que sejam feitas todas as diligências possíveis com vista à recuperação do material em falta, e que os responsáveis pela situação sejam exemplarmente punidos.

Tensão político-militar causa três mortes e 23 feridos

Os ataques alegadamente perpetrados por homens da Renamo continuam a fazer vítimas nos distritos de Sofala, Manica e Zambézia. A prova do caos que esta tensão político-militar está a causar são os números avançados pelo Comando Geral da Polícia, no habitual breafing semanal. Só na última semana, três pessoas, incluindo uma criança, morreram e outras 23 ficaram feridas. A informação foi avançada hoje pelo Comando Geral da Polícia, Inácio Dina.
Na ocasião, o porta-voz ainda aconselhou às pessoas para que respeitem as colunas nos troços mais perigosos.
A polícia diz ter detido dois indivíduos que confessaram ter participado em ataques a colunas. Ainda assim, Inácio Dina avançou estar em curso um trabalho para a captura de outros membros da Renamo envolvidos em ataques.
Ainda no breafing, a polícia disse que as estradas nacionais continuam sangrentas. Dos 35 acidentes registados ao longo do país, mais de 20 pessoas morreram e outras várias ficaram feridas.
Ainda no período de 9 a 11 deste mês, a polícia registou 121 casos criminais, aprendeu mais de seis mil viaturas e 750 cartas de condução por diversas irregularidades.  

Mais de 200 trabalhadores à beira do desemprego

Pouco mais de 200 trabalhadores da empresa madeireira Jihad Madeiras 2007 (JM7) estão em vias de perder emprego, pelo facto de o mercado internacional demandar pranchas (madeira processada) com espessura a partir de 20 centímetros, quando a legislação moçambicana impõe que a espessura seja até 12.5 centímetros.
A JM7, que opera na província da Zambézia, avisou que terá de fechar as portas e, consequentemente, despedir os trabalhadores. “Nós estamos apertados, porque a lei moçambicana de floresta diz uma coisa e o cliente na China quer outra. Isso coloca a empresa numa situação complicada, pois precisamos de funcionar. Mensalmente, gastamos um milhão de meticais em salários com os trabalhadores, para além da logística do funcionamento da firma”, desabafou o gerente da JM7, Ali Saleh Hawil.
É que a alínea b) do artigo 1 do diploma ministerial 142/2007, de 14 de Novembro, determina que “os padrões para a transformação primária de toros de todas as espécies florestais produtoras de madeira passam a ser pranchas ou madeira serrada com espessura de 7.5 cm a 12.5 cm, largura superior a 12 cm e comprimento igual ou superior a 80 cm”.
Esta obrigatoriedade do diploma ministerial é um obstáculo para a empresa JM7 aceder ao mercado chinês, que quer pranchas com 20 cm de espessura mínima. Aliás, esta empresa revela ter investido milhões de dólares na aquisição de equipamentos de corte e serração da madeira, um investimento que poderá “ir por água abaixo”, caso o Governo não ceda às exigências dos compradores chineses.

terça-feira, 15 de março de 2016

RÚSSIA INICIA RETIRO DE EQUIPAMENTO MILITAR DA SÍRIA

 
A Rússia iniciou o retiro de equipamento militar da Síria, depois de ter anunciado, na segunda-feira, a saída das suas forças daquele país, revelou o Ministério da Defesa russo.
"Os técnicos começaram a preparar as aeronaves para voos de longo curso para as bases aéreas na Federação Russa", informou o Ministério da Defesa russo em comunicado, acrescentando que o pessoal militar estava a carregar o equipamento e material para os aviões.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou na segunda-feira ao Ministério da Defesa para iniciar, esta terça-feira, a retirada das forças russas da Síria.
A Presidência russa indicou que o chefe de Estado sírio, Bashar al-Assad, concordou com a decisão de Putin.
"A tarefa que tinha sido solicitada ao nosso Ministério da Defesa e às nossas forças armadas foi globalmente conseguida e assim ordenei ao ministério para iniciar a partir da manhã [terça-feira] a retirada da maior parte dos nossos contingentes militares na República Árabe da Síria", afirmou Putin, dirigindo-se ao ministro da Defesa russo, Serguei Choigu, durante uma intervenção transmitida pela televisão.
A intervenção das forças aéreas russas na Síria teve início a 30 de Setembro de 2015 e foi feita a pedido de Bashar al-Assad no âmbito da luta contra o terrorismo naquele país.
Moscovo vai, no entanto, manter uma presença aérea no território sírio para supervisionar a aplicação do cessar-fogo, que entrou formalmente em vigor no passado dia 26 de Fevereiro, segundo indicou a Presidência russa.