sábado, 18 de abril de 2015

A primeira semana de Hillary como a candidata que tem de ser espontânea

O guião foi escrito com todo o cuidado e Hillary Clinton está a cumpri-lo à risca nesta sua segunda oportunidade para chegar à Casa Branca: nem que seja à força, ela vai ser espontânea. Horas depois de ter anunciado a sua candidatura num vídeo em que representa o papel de defensora dos "everyday americans" (os "americanos comuns"), a mulher que foi primeira-dama durante oito anos, senadora pelo estado de Nova Iorque outros oito e responsável pela política externa da maior potência mundial entre 2009 e 2013 partiu para a estrada na sua carrinha, carinhosamente baptizada de Scooby. O destino foi o estado do Iowa, onde pôde finalmente começar a provar aos cidadãos – e aos media; ou antes de mais aos media – que consegue relacionar-se com os "americanos comuns", numa série de paragens em estações de serviço e restaurantes ao longo dos 1600 quilómetros de viagem, e conversas com pequenos grupos de potenciais eleitores. Na versão 2015/2016 de Hillary Clinton cabe também uma feroz opositora das desigualdades, posicionando-a logo de início o mais à esquerda possível: "Quando olhamos para o conjunto do país, temos de admitir que as cartas estão baralhadas de forma a favorecer os que já estão no topo. Algo está errado quando os gestores de fundos de investimento pagam menos impostos do que enfermeiras ou do que os camionistas que passaram por nós na I-80 [a gigantesca auto-estrada que liga Nova Iorque a São Francisco]", disse Hillary Clinton durante uma paragem no Kirkwood Community College, na pequena cidade de Monticello, antes de responder às perguntas de sete alunos. Os comícios com centenas ou milhares de pessoas a segurar cartazes com a frase "Hillary a Presidente" ficaram em 2007, quando a então senadora chegou ao Iowa para lançar a sua primeira corrida à Casa Branca. Dizer que essa estratégia não funcionou é um eufemismo: nas primárias do Partido Democrata, Hillary não só perdeu para Barack Obama como ficou atrás de John Edwards. Mas a história desta vez é completamente diferente, por duas razões fundamentais: por um lado, Hillary chega ao difícil e importante estado do Iowa sem concorrência à vista no Partido Democrata; por outro lado, a principal mensagem da sua campanha assenta na ideia de que aprendeu a lição de há oito anos. Arlie Willems, a representante do Partido Democrata que recebeu Hillary Clinton no condado de Jones, deixou escapar os pormenores dos preparativos para a viagem em que a candidata teria de ser espontânea. "Eu esperava que ela pelo menos cumprimentasse uma multidão de pessoas, ou que arranjasse uma forma de saudar um grande grupo de apoiantes, mas os seus assessores disseram-nos que não queriam nada que se assemelhasse a um comício." Pesando os faits divers transformados em importantes notícias (como um burrito comprado num restaurante da cadeia Chipotle) e os encontros em ambiente familiar com potenciais eleitores, a apreciação geral da primeira semana de campanha é positiva. "Foi uma boa semana. Ela tentou com todo o cuidado moldar a sua imagem, tentou passar a ideia de que é uma candidata espontânea, capaz de saltar para uma carrinha e percorrer 1000 milhas até ao Iowa. Acho que conseguiu mostrar-se mais afável do que da última vez que se candidatou", disse Roger Simon, editor do site Politico e especialista em campanhas presidenciais. Dale Todd, um habitante do Iowa e eleitor confesso do Partido Democrata, confirmou essa ideia ao site U.S. News & World Report – ele que votou em Barack Obama nas primárias de 2008: "É uma candidata diferente. A História dá-nos a oportunidade de aprendermos com as suas lições. Não é a mesma comitiva enorme que tivemos cá da outra vez. Não sentimos aquele pretensiosismo. Não vimos BlackBerrys por todo o lado. Eles perceberam os erros do passado e não querem repeti-los. Tenho de lhes dar valor por isso." Mas se Hillary já conseguiu convencer este "americano comum", outros continuam a olhar para ela e não conseguem ver mais do que calculismo político – alguns deles, nesta passagem pelo Iowa, estão no importante grupo dos eleitores mais jovens. "Acho que ela foi aconselhada a fazer isto por um gestor da campanha", disse ao jornal The New York Times Corey Jones, um estudante de 17 anos que assistiu ao debate entre Hillary Clinton e sete alunos do Kirkwood Community College. "Não me parece que a ideia tenha sido dela."

Morreu Mariano Gago, o cientista que pôs a ciência na agenda política

José Mariano Gago, que enquanto ministro da Ciência de governos socialistas pôs a investigação científica na agenda política portuguesa, morreu na sexta-feira em Lisboa, de cancro. Tinha 66 anos. Desempenhou as funções de ministro da Ciência em dois governos de António Guterres, entre 1995 e 2002, e outros dois de José Sócrates, entre 2005 e 2011. Inspirador, sonhador, energético, líder, alguém que teve uma visão para a ciência e a cultura científica do país e, mais do que isso, a pôs em prática – foram palavras usadas na sexta-feira para o descrever. O corpo está em câmara ardente na Basílica da Estrela, em Lisboa, e segue às 12h de sábado para o cemitério de Pechão, no Algarve. Mariano Gago era físico de partículas. O seu percurso académico começa no Instituto Superior Técnico (IST), em Lisboa. Licenciado aí em 1971 em engenharia electrotécnica, Mariano Gago parte para Paris para fazer o doutoramento sobre a produção e transferência de energia. “Pouco depois, em 1972, tenho um mandado de captura da PIDE, fujo de Portugal (estava cá de férias) e organizo a minha vida pensando que nunca mais voltaria”, disse numa entrevista à revista Análise Social em Julho de 2011, já depois de ter deixado de ser ministro. “Venho a Portugal, é claro, depois do 25 de Abril de 1974, mas o meu trabalho é lá.” Quando termina o doutoramento, segue para a Suíça, para Genebra, onde fica o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). Como físico, trabalha então no campo da aceleração e colisão de partículas, das altas energias. “A partir de 1978-1979, começo a tentar voltar para Portugal. Nos anos seguintes, estou cá e lá”, disse na mesma entrevista. Casado com a socióloga Karin Wall, e já com uma filha, a viverem em Genebra, é convidado para presidir à Junta de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), que antecedeu a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a principal entidade de financiamento público da investigação portuguesa. O convite, em 1986, partiu do então secretário da Investigação Científica, Eduardo Arantes e Oliveira, num governo PSD de Cavaco Silva. Mariano Gago aceita e vem para Lisboa, ficando na JNICT durante três anos, até 1989. É no âmbito destas funções que organiza, em 1987, as Jornadas Nacionais de Investigação Científica e Tecnológica. Ainda hoje, essas jornadas – que reuniram em Lisboa a então pequena comunidade científica portuguesa para se apresentarem propostas de desenvolvimento da ciência no país e fazer uma reflexão sobre as políticas de ciência – estão na memória de muitos investigadores. Não só a comunidade científica era pequena, como muitos estavam lá fora. “Como presidente da JNICT, revelou-se como gestor de ciência. Aí começou a fazer política de ciência, a pôr a ciência na agenda política. Mostrou enormes qualidades de liderança”, sublinha Carlos Fiolhais, físico da Universidade de Coimbra e divulgador científico. Depois de sair da presidência da JNICT, Mariano Gago escreve o livro Manifesto para a Ciência em Portugal. “Este livro é um programa de governo para a ciência. E ele pôs em prática esse programa. Achava que Portugal era um país atrasado e que o atraso podia ser remendado com uma aposta na ciência”, refere ainda Carlos Fiolhais. Depois de 1989, quando deixa a JNICT, anda entre cá e lá. “Ainda temos um pé na Suíça, mas estamos a viver em Lisboa, ainda que eu passe tempo no CERN, como muitos outros físicos experimentais da minha área, especialmente na altura da preparação das experiências ou da aquisição de dados”, recordava à Análise Social. Depois, em 1995, é convidado para ministro da Ciência e Tecnologia. “Foi a primeira vez que existiu um ministério só para a ciência e a tecnologia e isso é uma mudança enorme em Portugal, da noite para o dia”, frisa Carlos Fiolhais. O que se segue é a criação de uma série de alicerces. Surge então a FCT, a sucessora da JNICT. É lançada a Ciência Viva – Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, que tem hoje uma rede de centros pelo país e cujo ex-libris é o Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. “A Ciência Viva é uma das coisas mais inovadoras que Mariano Gago deixa. Uma agência como a Ciência Viva não existe em todos os países do mundo. Muitos cientistas estrangeiros perguntam-nos: ‘Vocês têm uma agência só para a cultura científica?’”, refere ainda Carlos Fiolhais. “O Pavilhão do Conhecimento tem actividades que atraem desde miúdos de três ou quatro anos até aos avós. É um legado de Mariano Gago”, diz também o investigador Alexandre Quintanilha, que é presidente do conselho científico do Pavilhão do Conhecimento. No legado de Mariano Gago está também a instituição da avaliação internacional da ciência que se faz em Portugal. “A avaliação internacional das unidades de investigação é dele. A FCT começa com o propósito de dar padrões internacionais à ciência portuguesa”, acrescenta Carlos Fiolhais. Uma herança também salientada por Alexandre Quintanilha: “Foi ele que começou a avaliação externa das instituições de investigação.”

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Hillary Clinton confirma candidatura à Casa Branca

"Sou candidata à presidência", declara Hillary Clinton, antiga primeira-dama, senadora e secretária de Estado, num vídeo difundido no seu 'site' hillaryclinton.com, e que confirma uma candidatura aguardada há meses. Até ao momento é a única candidata oficial às primárias democráticas e domina as sondagens. A decisão de Hillary tinha sido confirmada previamente em mensagens aos apoiantes pelo presidente da sua campanha, John Podesta, citado por diversos `media` norte-americanos. "É oficial: Hillary é candidata às presidenciais", escreveu Podesta numa mensagem dirigida aos doadores da campanha, confirmando a nova tentativa da democrata para se tornar na primeira mulher a dirigir os Estados Unidos.

Renamo nega movimentações de guerrilheiros em Inhambane

A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, reagiu, pela primeira vez, às acusações do chefe da delegação do Governo no diálogo político e do governador da província de Inhambane segundo as quais esta força política estaria a movimentar homens armados naquela província. Segundo António Muchanga, as afirmações de José Pacheco, que é também Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, e pelo governador Agostinho Trinta, estão longe de ser verdade. Muchanga apontou que os homens da Renamo em Inhambane estão nos distritos de Mabote, Funhalouro, Panda e Homoine desde finais de Dezembro de 2013, muito antes da assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades em Setembro do ano passado. Na óptica de Muchanga, quem tem vindo a violar o Acordo são as forças governamentais que montaram novas posições nas províncias de Inhambane, Sofala, Tete, Zambézia e Nampula. O Governo, segundo a fonte, tem movimentado as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e Força de Intervenção Rápida (FIR) incluindo material bélico para várias províncias, ignorando o Acordo que preconiza que as forças devem ficar estacionadas onde estavam até ao dia da assinatura do Acordo de Cessação das Hostilidades (5 de Setembro de 2014). Muchanga disse ainda que as tropas da Renamo entraram em Gaza e estão nos distritos de Chigubo, Chibuto e Guijá. Atravessaram o rio Changane em direcção a oeste, e estão próximos de atravessar o Limpopo e o Incomati, em direcção ao sul. Esta movimentação, de acordo com Muchanga, visa procurar distanciar-se das forças do Exército, porque querem evitar confrontos com as FADM e FIR, situação que colocaria em causa a paz no país

Isaura Nyusi apela ao envolvimento de todos na manutenção da paz

A primeira-dama de Moçambique, Isaura Nyusi, juntou, esta quinta-feira, os cônjuges dos ministros, vice-ministros e diplomatas acreditados no país para uma reflexão e confraternização antecipada por ocasião do Dia da Mulher Moçambicana. O encontro teve lugar no Palácio da Ponta Vermelha, em Maputo. Na mesma sala, estiveram homens e mulheres cônjuges de dirigentes do Estado e diplomatas acreditados em Maputo. O encontro serviu de base para uma celebração antecipada do Dia da Mulher Moçambicana, que se celebra no próximo dia 7 de Abril. Além de uma simples celebração, a primeira-dama disse que o 7 de Abril deve ser um momento para celebrar os avanços na emancipação da mulher. “No nosso país, temos muitas razões para celebrar com júbilo este mês (Abril), pois já são grandes e incontornáveis os sucessos alcançados ou por alcançar na luta pela igualdade de género”, disse a primeira-dama, recordando os avanços na promoção da mulher nas áreas de economia

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Deputado americano de 78 anos é julgado por sexo com esposa com demência

O deputado estadual republicano Henry Rayhons conheceu Donna Lou Young quando ambos tinham mais de 70 anos e já eram viúvos. Casaram em uma grande festa, mas o que parecia uma história com final feliz acabou mal. Nesta quarta-feira (8), Rayhons começa a ser julgado por estupro, acusado de ter feito sexo com sua mulher quando ela apresentava estágio avançado de Alzheimer. O julgamento está sendo considerado simbólico por lançar luz sobre um tema pouco discutido, o sexo com pessoas sofrendo de demência. Na visão da Promotoria, um marido que faz sexo com a mulher em estágio avançado da doença está cometendo um grave abuso sexual. A mulher pode ter concordado 'formalmente' em fazer sexo, mas ela tinha capacidade para tomar esta decisão? Relação De acordo com a agência de notícias Bloomberg, pessoas que conheciam o casal diziam que ele a tratava como um rainha. Mas, alguns anos após o casamento, Donna foi diagnosticada com Alzheimer. Segundo a Bloomberg, ela tinha dores de cabeça e esquecimentos constantes, dirigia do lado errado da rua e, uma vez, colocou apenas uma meia na máquina de lavar, em vez de toda a roupa. Mas a gota d'água foi quando ela saiu de casa apenas com uma camisola que deixava seus seios à mostra. Suas filhas, sem a concordância do marido, decidiram levá-la para uma casa de repouso. Uma das filhas e os médicos chegaram à conclusão de que Donna não tinha mais capacidade de consentir em ter relações sexuais. Apesar de ter sido comunicado dessa avaliação, o deputado foi visitá-la pouco depois no local e passou 30 minutos no quarto. A paciente que dividia o quarto com Donna teria dito que o viu fechar as cortinas que davam privacidade à cama e ouvido barulhos de sexo. Quando a polícia interrogou Rayhons, ele admitiu que teve "contato sexual" com sua mulher, segundo a mídia norte-americana. Donna morreu cerca de dois meses depois, logo após seu aniversário de 79 anos. Uma semana depois, Rayhons foi preso. Ele desistiu da disputa por mais um mandato na Assembleia estadual de Iowa, onde é deputado pelo Partido Republicano desde 1997. Em comunicado, a família de Rayhons questionou a prisão. "A localização de Donna não mudou o amor de papai por ela nem o amor dela por ele. Não mudou a relação de casamento deles. E, assim, ele continuou a ter contato com sua esposa na casa de repouso, quem não faria isso?", diz a nota. "Acusar um marido de um crime por continuar sua relação com sua mulher em uma casa de repouso nos parece incrivelmente ilógico e antinatural, assim como incrivelmente nocivo."

sábado, 4 de abril de 2015

PENSADOR: A Pessoa como Sujeito Moral

PENSADOR: A Pessoa como Sujeito Moral: A Pessoa Como Sujeito Moral Antes de abordamos aqui a pessoa como sujeito moral, primeiro temos que trazer aquilo que é o conceito de própri...